"quando, violentada e morta,
a menina no ceu acordou,
veio-lhe ao encontro a virgem
que assim a saudou:
"vem, querida e pura menina,
perdoa ao deus que permitiu
a grande dor que sofreste".
quando, esfomeado e em trapos,
o mendigo ao ceu chegou,
a virge, envergonhada,
de cabeça baixa, lhe falou:
"perdoa, te peço, ao deus
que, na terra, te abandonou".
quando, assutado e inseguro,
o cego, às portas do céu, parou,
a virgem, com doçura,
pela a sua mão o guiou
e, mostrando-lhe aluz
que do trono vinha,
em um sussurro implorou:
"perdoa, sem em vida
um pouco de sua luz
ele te negou".
quando, cansada, suja, feia,
ensanguentada,
a enorme multidão de todos os mortais
as portas do reino alcançou,
a virgem, ajoelhada e de mãos postas.
com lagrimas no doce rosto, clamou:
"perdoem, se um dia,
tomando de barro e
em sua propria imagem inspirado,
deus pai o homem criou".
angela gutiérrez.
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