quinta-feira, 27 de novembro de 2008

dois lados da mágoa

platão uma vez disse que o amor é uma cobrança eterna. que o ato de amar constitui em dar ao outro o que não se tem e pedir o que o outro não possui. então, vindo dessa ideia, platão inventou o amor platonico, que prega que, o amor é só um sofrimento, uma dor e que, então, é melhor nós nos preservarmos dele, amando em anonimato, amando platonicamente.
se opondo completamente a platão, vinicius (de moraes) uma vez disse, em sua mais bela canção (que, inclusive, já a coloquei aqui), que o medo de amar não faz ninguem feliz.
diante desse dois comentários feito por gênios de outra epoca, eu confesso que não sou nenhuma cética, como, em muitos textos, pareço. não digo que sou descrente no amor, pois amo. amo o simples e o complicado, amo os bichos, amo e, nas pessoas, eu acredito. sempre me vi uma pessoa completamente capaz de amar e ser amada. mas hoje em dia, conforme as circunstancia as quais passei, me vejo com medo, com receio. me vejo incapaz de entregar-me tanto ao desconhecido quanto ao já conhecido, e as vezes me pego pensando se isso não está me privando de alguma coisa, quer dizer, de alguma coisa (odeio escrever "coisa", desculpem-me) eu sei que ele (o medo) está, na verdade eu não sei do que ele me priva, não sei se é um sofrimento ou uma alegria.
agora pergunto: será que proteger-se do desconhecido (e conhecido) é coerente em uma garota como eu, nova e cheia de vida? será que proteger-me, privar-me só irá me tornar amargurada? será que é correto, depois de um certo tempo, viver a sua vida na sombra do seu medo? enfim, analiso essas perguntas de cabo a rabo e concluo que me incluo como meio-termo, entre as duas teorias. não acho que platão esteja completamente certo, não acho que a solução para os nosso problemas amorosos resume-se na adoção do amor platonico, não acho que se isolar da visa amorosa e ver só de longe esteja certo, acho que você deve viver, vivenciar esse tal de amor. mas tambem não creio que você deva vivencia-lo como o mais romantico dos poetas (vinicius) fala (e faz, porque o mesmo casou-se com 9 mulheres ao longo da vida boemia e jura de pé junto que amou todas). acredito que as pessoas, depois de um certo tempo de vida e depois de uma certa quantia de mágoas, deva encontrar o equilibrio entre a emoção e racionalidade, entre o amor platonico e a entrega total.
mas, lá no fundo, no fundo mesmo, gostaria eu, de viver duas vezes, de saber qual dos dois jeitos há mais beneficios. mesmo acreditando em partes das duas teoria, eu desacredito.
como será que amar platonicamente aquele ser que idealizamos como perfeito em todas as maneiras, sem nenhuma mágoa, se nenhum coração partido, sem nenhum descanto, deve ser pior que amar o feio, o ser humano bonito, porem feio, com defeitos e capaz de causar destroços? ao mesmo tempo me pergunto o contrario, como será que amar só no pensamento, sem o beijo, sem o toque, seja melhor do que amar no fisico, do que conhecer a pessoa e ama-la, ama-la mesmo com todas as falhas, ama-la conhecendo todos os defeitos?
então, digo e repito, mesmo acreditando, descrente sou de todas as teorias, a duvida paira no meu mundo, porem só poderei mata-la se poderei eu, conhecer os dois lados.
eu termino com o meu unico desejo: eu queria viver duas vezes.

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