sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

um quase

queria que as coisas fossem mais fáceis, que algumas andassem mais devagar outras mais depressa, queria as vezes sumir um pouco e, como disse angela gutierrez, queria viver só dos meus "mundos emprestados". ler algum livro é como sumir um pouquinho daquela realidade enfadonha de dia de férias tedioso e proprincio para pensamentos desnecessarios. se pudesse vivia só neles, nos meus mundos.
se pudesse acompanharia jules verne em sua
"viagem ao centro da terra"; caminharia com graciliano ramos e com sua baleia no adorável "vidas secas"; cantaria e recitaria poemas e cordeis com patativa na obra postuma "cordéis e outros poemas"; viveria no "mundo de flora", junto com milhares de floras, e brancas, e niveas; se pudesse seria como terceira no dialogo de clarice lispector com fernando sabino em "cartas ao coração selvagem"; seria todas as bond girls de todos os livro da série de ian fleming; descobreria todo os misterios da minha duquesa da morte e rainha do crime, agatha christie; viajaria nos olhos de ressaca da sua, minha e nossa famosa capitu em "dom casmurro"; exerceria meu glorioso pessimiso com bras cubas em "memorias postumas de bras cubas"; se pudesse seria a décima esposa do meu amado sonetista e poeta vinicius de moraes em "vinicius de moraes - livro de letras" e , se pudesse, choraria com feliciana a morte do nosso querido gonçalves dias em "dias e dias"... enfim, poderia passar dias citando todos os meus mundo prediletos e como gostaria de conhece-los, mas não posso.
eu vivo e venho vivendo nesse mundo feio e barulhento que não me deixar escrever nenhuma linhas sem querer matar as crianças que fazem barulho lá embaixo, a minha mãe tagarela e o meu celular que toca nas mais inusitadas horas.
tem dias como esses que você perde a paciencia com isso tudo, que você olha para si mesmo e percebe que você é só um bomba gigante esperando mais uma faisca para explodir. quase explodo com os barulhos, com as crianças mal-educadas, com os fios da escrivaninha, que insistem se enrrolar no meu corpo não horas mais não benvindas, com a minha mãe que insiste em falar comigo na só nas minhas horas sagradas de ler e escrever e com as mensagens sem resposta. mas é só um quase, não explodo porque não posso, tenho muito nas mãos para jogar tudo ao alto.
tem horas que você idealiza um mundo só seu, que não é mais emprestado, um mundo que não faça calor nem frio, que o teclado não quebre, que as coisas não caiam, que os fios não se errosquem, que o pão cia sempre com a parte da manteiga para cima e que as mensagens sejam, sempre, deverasmente respondidas. mas, infelizmente, essa fantasia acaba na momento que você acorda morrendo de calor, no momento que você não consegue escrever uma linha no computador sem errar uma palavra e sem chingar todas as maldita crianças. e é nesse dias, extremamente insatisfatórios, que eu pego o meu ventilador e os meus (amados!) hearplugs e sumo no meu mundo emprestado, desligo o celular, largo o computador por um minuto, desconecto todos os fios e sumo no meu mundo em que as idealizações mortas não são minhas, são emprestadas. faço isso porque nem sempre a gente acorda aceitando muito bem as coisas.

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